Marie-Louise Hodge lets Lisbon’s neighbourhood, Cova da Moura, speak - listen and learn from ‘Cova da Moura - Dexa Mundo Papia’
Marie-Louise Hodge deixa o bairro lisboeta, Cova da Moura, falar - ouça e aprenda com ‘Cova da Moura - Dexa Mundo Papia’
Interview by Mariana Ferro
As photographer Marie-Louise Hodge introduced her newest project ‘Cova da Moura - Dexa Mundo Papia’ in her hometown of Amsterdam, at MOSAIKO’s first-ever exhibition, the enthusiasm surrounding her work, inspiration and mission brought us to sit down with the creative and reflect on her project. In our quest to redefine connectivity and bring the message closer to home, we’re excited to announce that this discussion is now also available in Portuguese (PT).
Through her lens focused on Lisbon's highly stigmatised and deprived neighbourhood, Cova da Moura, Marie-Louise shares the stories of a place and community that built its home with their bare hands in the ‘70s. Over the span of 2 years, the photographer captured all kinds of encounters, ties and experiences, now showcased for the world to see. Driven by a strong sense of connectivity and the urgent call for awareness, the photographer voices her motivation to ‘showcase the beauty of this special place and everything its tight-knit community has to offer’. With the hope of elevating conversations ranging from social issues to colonialism, Marie-Louise shares her experience of using her camera to showcase the authenticity of a place shaped by bonds of trust and community ties.
O entusiasmo em torno do mais recente projeto da fotógrafa Marie-Louise Hodge, ‘Cova da Moura - Dexa Mundo Papia’, exposto na sua terra natal, Amesterdão, na hora da primeira exposição da MOSAIKO, a sua inspiração e missão levaram-nos a conversar com a artista e refletir sobre a sua jornada criativa. Na nossa busca por redefinir a conectividade e trazer mensagem mais perto de casa, estamos entusiasmados por anunciar que esta discussão também se encontra disponível em português (PT). Com a sua lente focada no bairro altamente estigmatizado e desfavorecido da Cova da Moura, em Lisboa, Marie-Louise revela as histórias de um lugar construído pela própria comunidade nos anos 70. Ao longo de dois anos, a fotógrafa capturou um conjunto de encontros, laços e experiências, todos eles expostos para o mundo ver. Guiada por um forte sentimento de conexão e uma necessidade urgente de alertar consciências, a fotógrafa expressa a sua determinação para ‘destacar a beleza deste lugar tão especial e tudo o que a sua comunidade tão unida tem para oferecer’. Na esperança de gerar conversas sobre temas que vão desde questões sociais até ao colonialismo, a artista abre-se sobre a experiência pessoal de usar a sua câmera fotográfica como meio para demonstrar a autenticidade de um lugar moldado por relações de confiança e laços comunitários.
So Marie-Louise, how did you begin your photography journey in Cova da Moura?
Então, Marie-Louise, como começou a sua jornada de fotografia na Cova da Moura?
I first moved to Lisbon a few years ago to pursue a degree in photography, which allowed me to feed my motivation in highlighting marginalised groups. I’ve been incorporating this practice through some fashion editorials but also with smaller documentary projects that I've done in the areas of Chelas and Amadora. Yet, I was intrigued by Cova da Moura, especially because no one could tell me exactly why I shouldn’t go other than for its negative reputation visible in the media. Even so, when I finally went, I saw a place that reflected all my personal experiences and perspectives about the ongoing effects of colonial times in Western societies. It also inspired me to create something that illustrated the strong, proud and culturally rich community that I had met. My goal became clear; promote the beauty of this special place and everything its tight-knit community has to offer. My friend Vítor Sanches, founder of the sustainable brand Bazofo and Black-owned bookstore Dentu Zona located in Cova da Moura, first introduced me to the neighbourhood. From that point on, I ventured by myself. I wanted to give the people a platform and let them talk for themselves, as reflected in the title. ‘Dexa Mundo Papia’ in Creole means: ‘let the world talk about us, let them speak’. Some locals have it tattooed, which echoed my perception of the neighbourhood and the narrative I aim to convey.
Mudei-me para Lisboa há uns anos atrás para fazer um curso de fotografia, o que me permitiu desenvolver o meu interesse em promover grupos marginalizados. Tenho incorporado esta prática através de editoriais de moda e outros pequenos projetos de documentário que realizei em zonas como Chelas e Amadora. Ainda assim, fiquei intrigada pela Cova da Moura, sobretudo porque ninguém me conseguia explicar exatamente porque é que não podia lá ir, a não ser pela sua reputação negativa evidenciada pelos media. Apesar disso, quando finalmente fui, vi um lugar que refletia as minhas experiências pessoais e perspectivas sobre os efeitos decorrentes de tempos coloniais nas sociedades ocidentais. Também me inspirou de uma forma incrível para criar algo que ilustrasse a comunidade forte, orgulhosa e culturalmente rica que conheci. O meu objetivo revelou-se claro: promover a beleza deste lugar tão especial e tudo o que a sua comunidade tão unida tem para oferecer. O meu amigo Vítor Sanchez, fundador da marca sustentável Bazofo, livraria e café cultural Dentu Zona na Cova, apresentou-me ao bairro e a partir daí comecei a ir sozinha. Queria poder oferecer às pessoas uma plataforma que lhes permitisse falarem por si próprias, como traduz o título. Dexa Mundo Papia, em crioulo, significa deixar o mundo falar sobre nós, deixar que eles falem. Alguns moradores da zona têm esta expressão tatuada, o que corresponde à minha percepção do bairro e à narrativa que pretendo transmitir. Alguns moradores da zona têm esta expressão tatuada, o que corresponde à minha percepção do bairro e à narrativa que pretendo transmitir.
How did you manage to connect with the community and capture its people in such an intimate way?
Como conseguiu criar uma ligação com a comunidade e capturar as pessoas de maneira tão íntima?
It was difficult at first because my Portuguese needed improvement and building enough trust so I felt comfortable shooting people from a close was a process. See, many pictures are shot during conversations and in front of people's houses. During my time there, I probably spent 30% photographing and 70% chatting, being in their company and simply being present in the community. Initially, I was mostly shooting portraits until people told me that wasn't enough to catch an authentic essence of the area. Incorporating people’s opinions and perspectives was fundamental for me to provide an accurate representation of Cova da Moura. Last year, I travelled between the neighbourhood and Holland, printing pictures to share with the community. Ultimately, having them follow my vision and goals alongside people’s ongoing support, was essential throughout the journey. Keeping in touch and valuing their input about the pictures truly enabled me to improve and develop the project further.
Inicialmente, foi difícil porque o meu português precisava de ser aperfeiçoado, e ganhar confiança suficiente com as pessoas para me sentir à vontade em fotografá-las de perto também foi um processo. Vê, muitas das minhas fotos são tiradas durante conversas e à frente das casas das pessoas. Enquanto lá estive, passei aproximadamente 30% do meu tempo a fotografar e 70% simplesmente a conversar, conviver com as pessoas e estar presente na comunidade. No início, focava-me principalmente em tirar retratos até que me disseram que isso não bastava para capturar uma imagem genuína do bairro. Foi essencial para mim incorporar as opiniões e perspectivas das pessoas para poder concretizar uma representação adequada da Cova da Moura. Durante o ano passado, viajei bastante entre o bairro e a Holanda para poder imprimir as fotografias e, depois, partilhá-las com a comunidade. Enfim, contar com o apoio constante das pessoas enquanto compartilhavam a minha visão e objetivos, foi verdadeiramente crucial ao longo da minha jornada. Permanecer em contacto com elas e valorizar as suas contribuições para as fotografias permitiu-me melhorar e desenvolver ainda mais o meu projeto.
How did your relationship with the community and the neighbourhood evolve alongside your project?
Como é que a sua afinidade com a comunidade e o bairro se desenvolveu ao longo do seu projeto?
As I got closer to people, I expanded the mediums to share their stories and my experiences. While my pictures aim to show the beauty and resilience of the community, I also wanted to share their personal stories to strengthen the narrative. Quickly, the word-of-mouth circulated and those initially hesitant, eventually joined the project. By then, I was comfortable communicating with the people in Portuguese while also receiving amazing help from neighbourhood friends in facilitating translation for interviews and workshops. I conducted photography workshops for one month with teens aged 9 to 15, in collaboration with the cultural association of Moinho da Juventude. After having printed the pictures in Holland, I returned to Cova da Moura in June to exhibit the children’s work with them. Similar to my own process, I wanted to showcase their perspectives on life, interests and dearest ones.
À medida que me fui aproximando das pessoas, decidi expandir os meios para poder partilhar as suas histórias e experiências pessoais. Enquanto as minhas fotografias pretendem evidenciar a beleza e a resiliência da comunidade, também queria partilhar as histórias individuais das pessoas para reforçar a narrativa. Rapidamente, o boca a boca começou a espalhar-se, e as pessoas que inicialmente estavam hesitantes em participar no projeto acabaram por se juntar. Por essa altura, já me sentia confortável em comunicar com as pessoas em português. Também recebi uma ajuda impressionante de amigos residentes para facilitar as traduções durante entrevistas e workshops. Realizei workshops de fotografia com jovens entre os 9 e 15 anos durante um mês em colaboração com a Associação Cultural Moinho da Juventude. Após ter imprimido as fotos na Holanda, regressei à Cova da Moura em Junho para exibir o trabalho das crianças juntamente com elas. Tal como acontece no meu próprio processo, queria mostrar as perspectivas delas sobre a vida, os seus interesses e aqueles que lhes são mais próximos.
At what point did you feel your project was ready to be shared outside of Cova da Moura?
Quando é que sentiu que o seu projeto estava pronto para ser partilhado para lá da Cova da Moura?
It was last summer when I first took my family to the neighbourhood all the way from Holland. I stayed for 5 weeks to prepare the children’s exhibition in June that my family came to see. Coincidentally, this aligned with a yearly Cape Verdean celebration in Cova da Moura called ‘Kola San Jon’, an event uniting the community through activities, music, arts, and joy. Likewise, my family was so warmly received by the people in the neighbourhood. While sometimes it felt like two worlds apart, seeing how they so organically collided made me realise the value of my work and the time I’d spent there. For instance, seeing my mum and aunt, fluent in Curaçao's Papiamento, engage with the locals in Creole was a very heartwarming moment. See, on the one hand so many things in Cova da Moura were new to me, but on the other hand, I related to the people, the culture, the language and the struggles a lot. The differences might be striking but there were even more similarities with the culture I grew up in. Truthfully, even though my plan was to do a photography project here I got personally involved and attached to the community. I’ve gained many friends.
Foi no verão passado quando trouxe a minha família ao bairro vinda diretamente da Holanda. Passei 5 semanas no bairro a preparar a exposição das crianças, que teve lugar em junho e que a minha família também veio ver. Por coincidência, isso ocorreu durante a celebração anual na Cova da Moura chamada ‘Kola San Jon’, uma festa tradicional cabo-verdiana que reúne toda a comunidade do bairro através de atividades, música, artes e alegria. Nesse mesmo espírito, a minha família foi muito bem recebida e acolhida pelos moradores do bairro. Enquanto por vezes eu sentia que eram dois mundos à parte, ver como ambos se fusionaram de forma tão orgânica fez-me perceber o valor do meu trabalho e do tempo que lá passei. Por exemplo, foi bastante comovente ver a minha mãe e a minha tia, ambas fluentes em Papiamento de Curaçao, interagir com os residentes em Crioulo. Por um lado, havia muitas coisas na Cova da Moura que foram novidade para mim, mas por outro, também me identifiquei com as pessoas, a cultura, a língua e também com muitas das suas dificuldades. As diferenças podem ser evidentes, no entanto, ainda há mais semelhanças com a cultura em que cresci. Honestamente, embora o meu plano inicial fosse desenvolver um projeto de fotografia ali, acabei por me envolver pessoalmente e criar laços com a comunidade, o que resultou em muitas amizades.
What significance does it hold for you to bring your work back to Cova da Moura?
O que representa para si trazer o seu trabalho de volta para a Cova da Moura?
While I can exhibit my work elsewhere, it is Cova da Moura that it truly belongs to. I can't imagine it otherwise. Likewise, losing touch with the people I've met is unimaginable to me. Though this part of the project is now finalised, I’m curious to see how it ages. Along these lines, keeping up with the inhabitants’ lives is essential for me not only to preserve the ties but also to see the development of the neighbourhood. There have been similar areas, like Bairro 6 de Maio, that were demolished 2 years ago. My goal is to raise awareness to prevent the same from happening to Cova da Moura so they can preserve their community. It comes down to these people doing everything by themselves mastering the notion of self-teaching and self-sufficiency. Similarly, the creativity of the area, the community, and its energy is felt all over. Whether coming from the architecture resonating the hand-built houses from the 70’s to music, arts, local businesses, and simply local talents. It’s a very important aspect of this area and I truly hope these people get more platforms to showcase their talents and crafts for them to be celebrated and remembered. My friend Vítor has been doing this a lot through his bookstore Dentu Zona and brand Bazofo by showcasing local talents. He organises markets for artists from the community to sell their creations.
Por mais que possa exibir o meu trabalho noutro sítio, é na Cova da Moura que realmente pertence estar. Não consigo imaginá-lo de outra maneira. Da mesma forma, perder contacto com as pessoas que conheci é-me inconcebível. Apesar de esta parte do meu projeto estar finalizada, estou curiosa para ver como envelhece. Nesse contexto, estar a par da vida das pessoas é essencial para não apenas manter os laços, mas também acompanhar o desenvolvimento do bairro. Já houve bairros semelhantes, como o bairro 6 de Maio, que foram demolidos há cerca de 2 anos atrás. O meu objetivo é de sensibilizar para prevenir que o mesmo aconteça à Cova da Moura, para que possam preservar a sua comunidade. No fim de contas, trata-se destas pessoas fazerem tudo por si próprias e dominarem a noção de auto-aprendizagem e autonomia. Além disso, a criatividade e a energia da comunidade são ressentidas por todo o lado. Desde a arquitetura característica das casas construídas pelos próprios residentes nos anos 70, até à música, as artes, os negócios e os talentos locais. Este é um aspeto muito relevante deste contexto e espero sinceramente que essas pessoas tenham acesso a mais plataformas para demonstrar os seus talentos e criações, de modo a que possam, por fim, ser conhecidas e celebradas. O meu amigo Vítor, através da sua livraria Dentu Zona e da sua marca Bazofo , tem feito muito isso destacando talentos locais. Ele organiza mercados para que artistas da comunidade possam vender as suas criações.
How do you envision your work contributing to discussions on social issues, representation, and colonial history, both within the realm of photography and beyond?
Como imagina que o seu trabalho possa contribuir para discussões sobre questões sociais, representação e história colonial, tanto na área da fotografia como para além disso?
Firstly, I really hope it raises some awareness. Essentially, this project focuses on telling the story of Cova da Moura, but you can draw a reflection on many Western societies, whether it's in Amsterdam or elsewhere. Growing up in a Western country with parents from the former colonies, I resonate with the struggle of having my voice go unheard. My mum, who recently was preparing a workshop for Keti Koti, asked me what I learned about colonialism in school. And frankly, the focus centres on the wealth and conquests of the West, overlooking the losses of former colonies. Silencing minorities and ignoring historical realities and impacts, challenges ways for true progress. For me, Cova da Moura is an example of the challenges that many people with a colonial background face in Western societies. These neighbourhoods, which often serve as homes for many immigrants, illustrate the ongoing effects of colonialism that result in greater inequality and social disparity. My project aims to showcase a community that has been unequally and unjustly affected by the system, rather than capturing the life of the typical white Portuguese people. Generally, immigrants’ voices and needs are ignored, leading to the demolition of their neighbourhood due to not meeting Western housing standards. Modern-day colonialism continues to displace minorities by favouring new housing for the rich and leaving broken communities without their main support system during times of struggle. So raising awareness was definitely at the forefront of this project. Secondly, people often ask me if I think I can actually have an impact on people's lives. But as long as a bigger party doesn’t hear their voices, or willingly implements the community's recommendations and urgent needs, such as arranging a space for children to play instead of standing on the same streets where cars pass - I can only hope. Beyond doubt, no matter how the project evolves, it will always be for the people and going back to its home.
Em primeiro lugar, espero que realmente promova a conscientização. Essencialmente, este projeto foca-se em contar a história da Cova da Moura, mas também possibilita uma reflexão sobre diversas sociedades ocidentais, quer seja em Amesterdão ou noutro lugar. Tendo crescido num país ocidental com pais vindos das antigas colónias, identifico-me com o desafio de ter a minha voz silenciada. A minha mãe, que recentemente esteve a preparar um workshop para Keti Koti, perguntou-me sobre o que eu tinha aprendido na escola sobre colonialismo. E francamente, o foco centra-se na riqueza e conquistas do ocidente, sem considerar as perdas das antigas colônias. Silenciar as vozes das minorias e negligenciar as realidades históricas e os seus impactos dificulta o alcance de verdadeiro progresso. Para mim, a Cova da Moura representa muitos dos desafios com que se confrontam os indivíduos com herança colonial em sociedades ocidentais. Estes bairros, frequentemente habitadas por imigrantes, refletem os impactos contínuos do colonialismo, resultando em agravamentos das desigualdades e disparidades sociais. O meu projeto visa realçar a comunidade que tem sido injustamente afetada pelo sistema, em vez de apenas capturar a vida da população portuguesa branca típica. De uma forma geral, as suas vozes e necessidades são ignoradas, levando à demolição dos seus bairros por não se conformarem aos padrões de habitação ocidentais. O colonialismo atual continua a deslocar minorias ao privilegiar novas habitações para os ricos, deixando para trás comunidades fragmentadas sem acesso aos seus principais sistemas de apoio nos momentos mais difíceis. Nesse sentido, o foco principal do projeto é promover a consciencialização. Em segundo lugar, as pessoas perguntam-me frequentemente se eu acho que vou realmente ter um impacto na vida destas pessoas. Mas enquanto não houver um partido mais receptivo às suas vozes, ou que adopte voluntariamente as recomendações e necessidades da comunidade - como providenciar um espaço para as crianças brincarem longe da estrada onde os carros passam - resta-me apenas manter a esperança. Sem dúvida alguma, independentemente da evolução do projeto, o objetivo permanecerá centrado nas pessoas e no regresso às suas origens.
What valuable insights have you gained through your project that you hope people will gather from it?
Que revelações importantes obteve com o seu projeto e que espera que as pessoas obtenham através do seu trabalho?
In Holland, people are more open about their racist and misplaced thoughts, while in Portugal, I often struggled to pick my battles as the problem was rarely addressed to me directly. It feels very unsafe in a way to not know what someone is thinking and how society works. You see, once the problem is not even being raised, another level of agency is lost. On top of that, the layer of taboo and conservatism continues to limit the space for conversations and progress which truly made me realise the long way we still have to go. Within all mediums practised in the neighbourhood, whether it’s through casual conversations, music or other realms of self- expression, honesty holds a great value. This fosters a strong sense of community and builds a safe space for the people. Cova da Moura can teach us in Western Europe many lessons on resilience, unity, kindness, and self-reliance. This is even more impressive given the challenges and lack of means the people there face daily.
Enquanto na Holanda as pessoas são mais abertas quanto a pensamentos racistas e mal-intencionados, em Portugal senti dificuldade em escolher as minhas batalhas visto que o problema era raramente abordado de forma direta. Não saber o que as pessoas pensavam ou como a sociedade funcionava fez-me sentir muito insegura. Veja bem, uma vez que o problema nem sequer é levantado, perdemos outra camada de capacidade de influência e intervenção. Além disso, existe uma camada de tabu e conservadorismo que continua a limitar o espaço para diálogo e progresso. Igualmente evidenciando o quão longe ainda temos que chegar. No bairro, a honestidade é um valor fundamental em todas as situações, seja em conversas casuais, música ou outras formas de expressão pessoal. Isto promove um forte sentido de comunidade e constrói um espaço seguro para as pessoas. A Cova da Moura pode-nos ensinar valiosas lições na Europa Ocidental, sobre resiliência, unidade e generosidade. O que é ainda mais relevante, sobretudo tendo em conta os desafios e falta de recursos que a comunidade enfrenta no quotidiano.